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    Saiba quem são e o que propõem os 12 candidatos à eleição presidencial da França

    Emmanuel Macron e Marine Le Pen, líderes nas pesquisas, devem se enfrentar no segundo turno

    (Foto: RFI)

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    Da RFI - Entre clima de “já ganhou” e risco de forte abstenção, a França vive uma eleição presidencial atípica. O pleito de 2022 também é pontuado pela crise sanitária ligada à Covid-19 e a guerra na Ucrânia, assunto que vem dominando os discursos e quase apagou a campanha, que demorou a decolar no país. Internamente, a disputa é marcada pela luta de movimentos sociais, o medo do terrorismo e, principalmente, a preocupação dos franceses com o poder aquisitivo.

    A RFI faz um balanço das propostas dos 12 candidatos ao Palácio do Eliseu.

    Emmanuel Macron: presidente e candidato

    Assumindo atualmente os papéis de candidato e presidente, o centrista Emmanuel Macron tem alcançado entre 27,5% e 30% das intenções de voto. O ocupante do Palácio do Eliseu quase não tem feito campanha, pois está totalmente envolvido na resolução do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e na resposta ocidental que a União Europeia (UE) tem dado à questão, juntamente com a Otan. Desde o início da invasão russa ao país vizinho, Macron, que acumula a presidência da França e da União Europeia, tem sua reeleição dada como certa pelos institutos de pesquisa.

    Mais liberal do que em 2017, o candidato do partido “A República em Marcha” quer uma França onde "todo mundo trabalhe mais", adiando a aposentadoria dos 62 anos atuais para 65 anos como idade mínima. Macron propõe mudar o sistema da Renda Solidária Ativa (RSA), que proporciona às pessoas sem recursos um nível mínimo de rendimentos, que varia de acordo com a composição do domicílio. Macron propõe condicionar o benefício a horas de atividade profissional. Mas, em troca promete o pleno emprego, em cinco anos.

    De acordo com analistas, Macron defende o “totem de direita”: o aumento de contribuição para a aposentadoria a fim de sustentar o Estado de bem estar social francês, além de mais exigências de contrapartidas dos desempregados em troca de benefícios sociais. Outra promessa é a redução de €15 bilhões em impostos, metade para as pessoas físicas e a outra, para a empresas.

    Entre os trunfos do presidente, a França registrou alta de 7% do PIB, em 2021, o maior aumento em 52 anos, conforme o Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee). Isso, claro, depois de um ano de recessão de 8%, em 2020, em meio à pandemia de coronavírus. Embora seja uma retomada, o Insee ressalta que a economia francesa “agora ultrapassa claramente" o patamar em que estava antes da crise sanitária.

    Calculado atualmente em 7,4%, o nível de desemprego é um dos melhores em mais de 40 anos. Além disso, durante a pandemia, o governo francês adotou a estratégia de salvar a máquina produtiva “a qualquer custo”, abrindo as torneiras do Estado para manter os trabalhadores em casa e, ao mesmo tempo, impedir falências. Os setores mais atingidos, como turismo, hotelaria e eventos, continuam afetados, mas a maioria retoma com força, após terem recebido uma generosa ajuda do governo.

    Macron exibe ainda como resultado de seu trabalho um plano de retomada da economia calculado de € 100 bilhões. Desse valor, € 72 bilhões já foram investidos em 2021, especialmente para apoiar a indústria em projetos de relocalização e transição energética.

    Outra questão que deve dominar os debates este ano é a inflação, que dispara na França. Impulsionados pelo aumento dos custos da energia, os preços subiram 3,6% em fevereiro, em relação aos 12 meses precedentes, após terem aumentado 2,9% em janeiro, segundo dados Insee. Um nível de inflação que não visto desde meados de 2008, pouco antes da crise financeira.

    Ex-banqueiro e ministro da Economia de François Hollande (Partido Socialista), Emmanuel Macron, contudo, é visto por uma parte dos franceses como o presidente dos ricos. Ele retirou o Imposto Sobre a Fortuna (ISF), que foi transformado num imposto sobre propriedade, com objetivo de não afugentar o empresariado e garantir geração de crescimento, segundo o candidato. Mas “e o compartilhamento das riquezas, quando vem?”, indaga o esquerdista Jean-Luc Mélenchon.

    Jean-Luc Mélenchon: nunca esteve tão perto

    Em sua terceira tentativa de chegar à presidência da França, Jean-Luc Mélenchon propõe um programa de “ruptura” com o liberalismo econômico, preferindo uma “sociedade de ajuda mútua” onde reine a “harmonia entre os seres humanos e com a natureza”.

    Em comício em Marselha, no sul da França, neste domingo (27), Mélenchon lançou uma ofensiva contra seus adversários, visando especialmente o presidente Macron e o programa do centrista. “Nós compreendemos e não queremos [isso]” bradou o candidato da esquerda radical.

    Sobre a reforma do RSA, a ajuda financeira aos mais necessitados e que o presidente propõe condicionar a algumas horas semanais de trabalho, o opositor de esquerda rebate. “Será trabalho de interesse geral (comunitário). Mas ninguém lhes disse que o trabalho de interesse geral é para delinquentes e a pobreza não é uma delinquência”, discursou.

    Mélenchon se concentra nas temáticas sociais, como acesso à escola e o custo de vida. “A explosão do preço do gás, da eletricidade e de produtos de primeira necessidade deve parar. É preciso bloquear os aumentos”, afirmou o candidato aos seus apoiadores.

    Terceira força na disputa, com cerca de 15% das intenções de voto, seu partido, A França Insubmissa, que já surpreendeu na eleição passada, nunca esteve tão perto do segundo turno. O representante da esquerda radical promete fazer uma grande reforma fiscal e tirar dinheiro de quem tem, ou seja, dos ricos. Entre outras propostas, Mélenchon prevê a volta do imposto sobre a fortuna, tabelamento de preços de produtos de primeira necessidade e o aumento do salário mínimo para € 1.400, além de diminuir a idade mínima de aposentadoria para 60 anos, depois de 40 de contribuição.

    O partido se concentra, ainda, em atacar as desigualdades. Porém, o candidato tem sido cobrado por não ter exposto uma posição clara, desde o início, a respeito do presidente russo Vladimir Putin.

    Porém, para chegar ao segundo turno, ele ou os demais candidatos terão que vencer, antes, Marine Le Pen, da extrema direita, que ocupa a vice-liderança.

    Marine Le Pen: menos radical que em campanhas anteriores

    A líder do partido Reunião Nacional (RN) concorre pela terceira vez e acumula entre 18 e 20% das intenções de voto. Marine Le Pen orienta o seu programa para medidas de aumento do poder aquisitivo dos franceses, com melhoria de salários e redução de impostos sobre energia. A candidata fala ainda em nacionalizar estradas para reduzir o preço dos pedágios e privatizar o sistema audiovisual francês, que atualmente é parcialmente dependente do dinheiro público para funcionar. 

    Ao mesmo tempo, a representante da extrema direita aposta em medidas fortes em questões de segurança. Marine Le Pen quer fazer do tema uma prioridade para o seu mandato de cinco anos, prometendo à polícia "uma presunção de legítima defesa". A medida é apresentada pela candidata como uma forma de proteção para as forças de ordem, frequentemente acusadas de uso desproporcional da violência.

    Como já é tradição no RN, o tema da imigração tem um peso importante nas propostas de Marine Le Pen. Ela defende o fim do reagrupamento familiar, dispositivo que facilita a legalização de migrantes que já têm membros da família no país. A candidata também pede o endurecimento das regras para pedidos de naturalização e de asilo - que passariam a ser autorizados apenas no exterior, impedindo que migrantes que entram no país clandestinamente sejam regularizados. 

    A candidata também afirma o seu desejo de "erradicar" as ideologias islâmicas e todas as suas redes. Ela ainda pretende condicionar o acesso à assistência social a pelo menos cinco anos de trabalho.

    Por outro lado, Marine Le Pen quer colocar em prática uma moratória de três anos sobre "questões sociais". “Já temos problema demais”, ela diz.

    Em deslocamento de campanha à ilha de Guadalupe, neste domingo (27), a candidata foi vaiada e cercada por manifestantes. Le Pen foi insultada durante um protesto no hotel onde gravava um programa de televisão. Os manifestantes gritaram “fora Le Pen” e “Le Pen racista”, e ela teve de sair escoltada.

    A candidata aproveitou o incidente para criticar o ministro francês do Interior, Geráld Darmanin. “Se ele fizesse o seu trabalho em vez de fazer campanha, talvez não chegássemos a essa situação. Há uma falha evidente dos serviços de segurança”, acusou. Mas “se o objetivo era me intimidar, falhou”, concluiu.

    Éric Zemmour: direita radical diante da torre Eiffel

    Desta vez, os votos da extrema direita na França se dividem entre Le Pen e o novato na política, Éric Zemmour, que defende uma visão radical para o país, associada a uma visão liberal da economia. Após ter começado bem no início da campanha, ele tem patinado nas pesquisas de intenção de votos.

    O jornalista tem uma retórica violenta, com comentários carregados de misoginia e um forte discurso anti-imigração. Zemmour já foi condenado a uma multa de €10.000 por incitar o ódio contra menores migrantes desacompanhados, qualificados por ele de ladrões, assassinos e estupradores. As declarações foram feita durante um debate, em 2020, após o atentado na redação do jornal satírico Charlie Hebdo.

    O fundador do movimento “Reconquista!” defende, entre outros pontos de seu programa, uma restrição do direito de asilo e o fim da legislação de reagrupamento familiar. Zemmour também propõe que policiais e cidadãos fiquem isentos de processos judiciais, caso reajam a agressões "em situação de legítima defesa".

    Nos últimos dias, o candidato optou por um radicalismo ainda mais exacerbado ao propor um ministério de "remigração". Se eleito, o líder do Reconquista! promete "fazer um milhão" de estrangeiros partirem, em cinco anos, e trabalhar "com os líderes da Argélia, Marrocos e Tunísia para organizar isso".

    Zemmour tem como alvo os "ilegais, delinquentes e criminosos", além dos chamados 'arquivos S', termo usado pela polícia para identificar pessoas radicalizadas, que vivem sob constante monitoramento. Ele também é o único candidato presidencial a assumir a teoria da suposta "grande substituição", segundo a qual as populações europeias estariam sendo substituídas aos poucos por imigrantes não europeus.

    Em um comício realizado neste domingo no Trocadéro, em frente à torre Eiffel, o jornalista disse “querer reunir a direita e conquistar os eleitores decepcionados com Valérie Pécresse”, candidata do tradicional partido de direita “Os Republicanos”, do ex-presidente Nicolas Sarkozy. “Somos de direita, somos LR. Votamos em Sarkozy, depois apoiamos François Fillon, mas agora Valérie Pécresse não dá”, disse um apoiador de Zemmour presente ao comício.

    As críticas, contudo, também são direcionadas ao presidente Emmanuel Macron, especialmente por parte dos não vacinados. “Eu não me vacinei e fui tratado como um subcidadão”, disse um eleitor, em alusão às polêmicas declarações do chefe de Estado visando pressionar a população a se vacinar. 

    Alvo de forte rejeição entre os militantes do Reconquista!, Macron foi insultado pela multidão que gritou em coro: “Macron assassino”. Zemmour não reagiu imediatamente, uma atitude criticada pelos demais candidatos e que provocou polêmica. O candidato foi obrigado a se desculpar, dizendo que condenava a atitude de seus partidários.

    Na manhã desta segunda-feira (28), o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, criticou Zemmour por ter deixado a multidão entoar o slogan durante o comício. "Aqui você vê um candidato que deixa os ativistas fazerem comentários absolutamente insuportáveis ​​contra outro candidato. Acho que é por isso que os homens também são julgados quando concorrem à presidência", alertou. "Ou Éric Zemmour não tem autoridade sobre os seus ativistas, ou apoia este tipo de afirmação. Em ambos os casos, é bastante preocupante a sua capacidade para exercer as funções de Presidente da República", acrescentou Attal.

    O próprio presidente e candidato Emmanuel Macron reagiu ao episódio ocorrido no comício da extrema direita promovido por Zemmour, destacando duas hipóteses: “uma é a indignidade, que me parece mais plausível e não é surpresa”, disse, “e outra é a ignorância sobre uma reforma importante do quinquênio, a de 100% saúde”, acrescentou.   

    Questionada várias vezes no domingo sobre este episódio, a comitiva de Éric Zemmour indicou que o candidato “não tinha ouvido” os gritos da plateia e que “condena o que a multidão disse naquele momento”. "Ele não assume a expressão por conta própria. Ele nunca usou tal termo e nunca insinuou isso em seu discurso", respondeu sua equipe de campanha.

    Valérie Pécreesse (LR) ordem "nas contas e na rua"

    Valérie Pécresse, a candidata de direita à presidência, defende um projeto de firmeza sobre a ordem pública e bastante liberal na economia, com medidas focadas para aumentar o poder de compra dos franceses.

    A candidata do partido Os Republicanos, contudo, não tem o carisma como sua principal vantagem, de acordo com os próprios militantes que se reuniram em torno dela para o lançamento de sua campanha presidencial. Diante de mais de 7,5 mil pessoas, no estádio Zénith, na capital francesa, Pécresse, que dirigiu a região de Île de France, onde fica Paris, tentou se desvencilhar da imagem de tecnocrata. Contudo, ela se ateve ao longo discurso que havia previsto, sem deixar margem para improvisos, atitude pela qual tem sido criticada duramente.

    “Defendo a verdadeira identidade francesa", ela diz. “Tomarei o controle dessa imigração”, completa

    Anne Hidalgo: um fiasco anunciado que ameaça o PS

    A eleição presidencial na França acontece no final de uma década que viu parte da Europa migrar à direita, em que eleitores da classe trabalhadora e aqueles preocupados com a justiça social, em parte, abandonaram o centro-esquerda, após a crise financeira mundial, de 2008.

    Se em 2012 o Partido Socialista dava as cartas na França, à frente do Palácio do Eliseu, do Parlamento e da maioria das principais cidades de quase todas as regiões do país, hoje a sua candidata à presidência, Anne Hidalgo luta para alcançar 2% das intenções de voto.

    "O Partido Socialista teve o seu auge e agora está quase em perigo", diz Pascal Delwit, professor em ciência política na Universidade Livre de Bruxelas.

    A candidata do PS faz uma campanha prometendo responder à "emergência social, ecológica e democrática" e insiste em seu programa no "poder aquisitivo, trabalho e salários", que ela pretende aumentar.

    A atual prefeita de Paris representa, no entanto, um partido desunido. Sua comitiva diz não se preocupar com isso, esperando que o caráter combativo de Anne Hidago seduza os eleitores.

    Nascida na Espanha, Hidalgo se tornou francesa aos 14 anos. Durante muitos anos, trabalhou como fiscal do trabalho. Em 2014, tornou-se a primeira mulher prefeita de Paris. No cargo, ela colecionou alguns fracassos, como a instalação das novas vélibs, o copiado sistema de bicicletas de aluguel que gozava de grande popularidade na capital, mas que perdeu muitos adeptos após alterações no funcionamento, orquestradas pela prefeita. 

    Hidalgo suprimiu os carros de grandes eixos da capital francesa e é acusada por certos eleitores de fazer uma gestão para não parisienses. Ela também é criticada pela sujeira de Paris, muito mostrada em vídeos nas redes sociais.

    Apesar disso, foi reeleita para dirigir a capital francesa em 2020. De lá para cá, enfrentou o movimento dos coletes amarelos, que começou em 2018, a crise sanitária e tem a missão de preparar os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Hidalgo conta com o apoio do ex-presidente François Hollande.

    Ela tem uma campanha baseada na transição ecológica. Assim como outros candidatos de esquerda, que não conseguiram criar uma frente de esquerda para enfrentar Macron.

    Yannick Jadot: um candidato verde num ano em que o clima fica em segundo plano

    O ecologista Yannick Jadot é originário do movimento Greenpeace e propõe um programa em torno de 120 propostas, vinculando medidas ambientais, econômicas, sociais e internacionais. À esquerda, pró-europeu e de linha pragmática, ele defende "uma ecologia que dá certo".

    “Façam uma escolha de civilização. A batalha do clima é vital e indissociável da batalha pela paz e pela segurança”, discursou o candidato num comício no auditório Zenith, neste domingo, em Paris. “As energias de combustíveis fósseis são os nossos inimigos”, afirmou.

    Jadot denuncia o que chama de “inação climática” de Emmanuel Macron, chamado por ele de "presidente dos lobbies", enviando uma mensagem aos que votaram no centrista em 2017. “Observem, julguem e votem”, disse o candidato verde que tenta atrair, também, os eleitores que partem à extrema esquerda, ao lado de Mélenchon.

    “O voto eficaz é um voto de convicção”. Jadot acredita que tudo ainda é possível e apela ao apoio da “geração clima”, ou seja, os eleitores mais jovens e apontados como mais conscientes dos problemais ambientais. “Vocês compreenderam, melhor do que outros, que seguimos rumo à catástrofe. Jovens da França, não deixem ninguém decidir no seu lugar. Não deixem passar esta chance histórica de mudar as suas vidas”, clama o candidato que pretende abandonar projetos de energia nuclear e focar todas as fichas nas fontes renováveis. “Participem desta eleição com o seu entusiasmo. Juntem-se a nós, deem mais força para construir a república ecológica”, finalizou.

    Fabian Russel : candidatura própria dos comunistas

    Se em 2012 e 2017 o Partido Comunista francês apoiou Jean-Luc Mélenchon da França Insubmissa, desta a tradicional legenda de esquerda vez veio com candidato próprio. Fabian Russel alcança 3,8% das intenções de voto, aproximadamente, com suas posições mais radicais.

    O candidato planeja triplicar o ISF (imposto sobre a fortuna) e criar um imposto Covid para aqueles que lucraram com a crise sanitária.

    Nacionalizar grandes empresas como EDF energia ou Engie, mas também bancos e seguradoras, também estão nos planos de Russel, que se diferencia do seu colega da esquerda radical por apoiar o uso da energia nuclear.

    Philippe Poutou: ex-operário na disputa

    Ex-funcionário da montadora de veículos Ford, Philippe Potou concorre pelo NPA (Novo Partido Anticapitalista). Enfrentando abertamente os candidatos liberais, ele se diz a única força “capaz de superar os obstáculos antidemocráticos do regime burguês”.

    O metalúrgico ataca firmemente a performance dos principais candidatos “da burguesia”, como o ex-banqueiro Emmanuel Macron ou a “racista e xenófoba” Marine Le Pen que, segundo suas palavras, se aproveitam do sistema.

    Poutou prega a construção de uma esquerda verdadeiramente revolucionária, anti-imperialista e internacionalista, confiando irredutivelmente na força da classe trabalhadora, para que os capitalistas paguem pela crise.

    Apesar de candidato, ele também se diz contra a existência de um cargo de presidente da República.

    Nicolas Dupont-Aignan: em sua última candidatura ao Eliseu

    Esta é a terceira vez que Nicolas Dupont-Aignan concorre nas eleições presidenciais francesas. A duas semanas do primeiro turno, o candidato tem entre 1% e 2% das intenções de voto. Nesta segunda-feira (28), ele afirmou à imprensa que estava "provavelmente" liderando a sua última campanha presidencial. O candidato soberanista defende a "independência da França" e mesmo a revisão de acordos em nível europeu. “Sempre lutei pela independência do meu país, fiz muita campanha pela liberdade durante a crise da Covid-19”, disse.

    Funcionário público de carreira, Nicolas Dupont-Aignan participou durante muito tempo da direita francesa clássica, antes de fundar o seu próprio movimento, em 2007, (A França De Pé), que defende uma linha soberana e eurocética.

    Nathalie Arthaud: candidata da Luta Operária

    Professora universitária na região metropolitana de Paris, Nathalie Arthaud é a candidata presidencial do partido Luta Operária. Desde 2007, ela é considerada a principal figura pública desta organização política de esquerda.

    Arthaud está disputando a sua segunda eleição presidencial, depois de conquistar 0,56% dos votos, em 2012, pouco mais de 200 mil cédulas.

    Em sua campanha, Nathalie Arthaud se apresenta como revolucionária. “Se eu sou revolucionária e se eu quero mudar a sociedade é porque essa sociedade capitalista é ultraviolenta, é a violência social das desigualdades, é o fato de ver hoje essas riquezas acumuladas de um lado, as extravagâncias, este incrível luxo e do outro lado, as mulheres e os homens que dormem na rua”, denuncia.

    Jean Lassalle: “Resistir!

    O candidato do movimento (Resistamos!) quer “levar a voz do povo francês ao coração das instituições, manter os serviços públicos locais e incentivar as iniciativas locais”. Jean Lassalle diz ter projetos de reconstruir um Estado francês com o seu lema republicano: "Liberdade, Igualdade, Fraternidade ".

    Nascido em uma família de pastores nas fazendas dos Pirineus Atlânticos, sudeste da França, formado em técnicas agrícolas, ele foi prefeito de sua cidade natal e conselheiro regional. Desde 2002, é deputado, e tendo protagonizado eventos como uma greve de fome que durou 39 dias, em 2006, para defender postos de trabalho em sua região.

    Em 2018, fez um protesto na Assembleia Nacional vestindo um colete amarelo, símbolo dos manifestantes que paravam o país naquele momento. O ato causou a suspensão da sessão. Em outubro de 2016, se afastou dos grupos tradicionais de centro da política francesa e criou o movimento Resistamos!

    Candidato presidencial pela segunda vez, Lassalle afirma ter "íntima experiência e conhecimento das instituições francesas". Ele propõe realizar referendos de iniciativa cidadã, abolir a corte da Justiça da República integrando seus ministros à Justiça comum, baixar impostos sobre combustíveis e preparar a saída da França da Otan, entre outras medidas.

    Assista a vídeo da RFI:

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